aquele do sumiço

quando eu era criança eu tinha uma vida social bem mais interessante que a de hoje em dia, vê se pode. casamentos, aniversários, despedidas de solteiros (mentira) e eu estava lá. com minha sandália ortopé.
e eu era super comunicativa, sabe aquela criança que interage com todo mundo, faz amizades novas, troca telefones? enfim, superdiferente de mim hoje em dia, que chego nos lugares tipo JUMA MARRUÁ e só falo um "oi, rs"
eis que um amigo do meu pai casou. um amigo que eu nem conhecia. e não sei porque, mas todo casamento que tinha eu encasquetava que era a noivinha - mesmo já sabendo que não era, e tirava mil fotos com os noivos. mostrava minha interpretação como noivinha já pensando em um próximo casamento, sabe? networking era meu nome.
e nessas de mostrar meus dotes prá todo mundo, eis que sumo. sim, desapareço. e depois de três dias (mentira) de festa que meus pais foram se dar conta que eu não existia mais.
procura daqui, procura dali. o casamento era em um sítio, o que dificultava ainda mais a busca na selva. liga para a polícia civil, militar, exército, marinha aeronáutica, policia florestal, interpol, cia (mentira) e ninguém me encontrava.

lógico que não. não me procuravam no local mais óbvio do mundo.

pois onde, Aonde uma criança como eu poderia estar? é lógico que eu já conhecia todos da festa e tava na mesa dos noivos confraternizando a união e fazendo meu papel de noivinha, claro.

ahn, repete?

mesa dos noivos, enchendo a cara de sushi, sashimi e saquê (mentira), fazendo meu papel de noivinha e confraternizando a união dos mesmos. tipo umam hostess, uma lilian gonçalves em miniatura.

depois do alívio dos meus pais, com direito a choro e abraços - oi, programa do gugu, teve a sessão "porque você tava lá na mesa dos noivos?", com direito a beliscões e puxões de cabelo.

e no outro casamento, estava lá eu: fazendo meu networking - só que desta vez tive mais sorte, porque a noivinha faltou!!!

:-)

aquela da sandália:

pé gordo é e sempre foi um problema. imagina isso lááááá em 1982/1983, praticamente impossível encontrar algo colocar no pé de uma criança. a criança - no caso eu.
com meu pai o processo era mais simples, rápido e indolor - não significando que isso dava bons resultados, pois logo de cara ele me dava um tênis número 37/38. cabia no meu pé e ao mesmo tempo "ia durar mais". nem hoje eu calço número 37. e aos 5/6 anos eu era mais ou menos assim:

oi, rs

o meu sonho era ter um sapato de verniz, tipo boneca. mesmo sabendo que não ia caber eu queria ter aquele sapatinho só pelo simples prazer de ter no armário. (oi, eu era mulherzinha desde os 5 anos.)
minha mãe, talvez por pena de ver sua filha vestindo tênis 40 centímetros maiores que seus pés, ela me comprou o sapatinho de verniz. *felicidade*
na hora de experimentar o sapato, drama: entrou com muito sacrifício, doía até a alma, não consegui dar um passo com o bendito. impossível até mesmo de respirar.

(mãe)

- tem certeza de que você quer esse sapato mesmo??

(eu)

- sim, coube direitinho. *lágrimas de dor escorrendo dos olhos*

(mãe)

- então moço, tira logo e embrulha senão ela vai ter que amputar o pé.

(eu)

- *alííííívio*

satisfiz meu gosto, mas continuava com meus tênis 37/38.

comofas?

depois desse dia, minha mãe encontrou uma sandália que me acompanhou pelo resto da minha infância. variando apenas de cores, era a única coisa que me servia.

batizado?? sandália marrom

casamento?? sandália branca

escola?? sandália azul marinho

chuva?? sandália preta

sol?? sandália amarela

*enjoei*

não teve outo jeito, no fim da minha infância eu simplesmente repugnava aquela sandalaiada tuuudo igual. depois de um tempo, passei à comprar meus próprios sapatos, já podia usar sapatos diferentes... melhor: passei a suportar melhor as dores que eu sinto com os sapatos de verniz. porque ainda dói, ahhhh se dói.

aquele do "nunca fiz"

10 coisas que não fiz quando criança - e que eu tinha muuita vontade, óbvio.

1 - ficar de uniforme da escola até 05:00 horas da tarde.
2 - não ir com a blusa do uniforme prá escola.
3 - ficar no portão da escola depois do horário da aula.
4 - cabular aula.
5 - latinha + morteirinho + sair correndo.
6 - ter quebrado o pé, o braço ou a perna e mandar os amigos assinarem o gesso.
7 - ter levado ovada no aniversário.
8 - ter sido noivinha de casamento.
9 - ter sido noivinha da festa caipira.
10 - ter feito meu feijãozinho brotar no algodão. (humpf, nunca consegui.)