se tem uma coisa que eu invejo é nego que teve uma adolescência normal, leve, florida e fresca. na minha adolescência eu era (sou) a coisa mais esquisita desse mundo. eu era (sou) gordinha, baixinha, feinha, a de cabelinho ruim, a roqueirinha, não tinha namoradinho, era tímida ao extremo. ou seja, praticamente um ALVO né? hahahaha. call me PARA RAIO DE BULLYING. e olha que eu falo de um tempo que nem existia bullying.
em 1992, dentre as muitas coisas que aconteceram na minha vida, a pior delas com certeza foi eu ter mudado de colégio. estudava em um colégio gracinha, desde sempre (o pré). esse daqui ó... www.monteirolobatosp.com.br *schuifff* saudades...
aí chegou o TÃO ESPERADO SEGUNDO GRAU (affff) e me deu um FOGO prá mudar de colégio. e te digo uma coisa - foi a pior merda que eu fiz na minha vida. fui prá esse colégio aqui ó www.salesianost.com.br e resumindo - ME FUDI.
entrei num colégio de gente rica (sem ser rica), de gente bonita (sem ser bonita), de mauricinhos e patricinhas (sem ser mauricinho e patricinha). e pior - as "panelinhas" já todas feitas né? na hora que eu pisei no colégio eu vi que ia dar merda. mas, como eu disse em posts anteriores, com meu pai e com a minha mãe não tinha (tem) conversa não minha gente. o que me restava era enfrentar o que estava pela frente. (a morte)
entrei naquela sala repleta de blairs wladorfs, de serenas van der woodsens, de nates archibalds... *suspiros* eu, a (repito) a gordinha, a feinha, a baixinha, a esquisita, a tímida...
resumindo - eu não era zuada. eu era APAVORADA.
(menino) - e aí ROLHA DE POÇO, beleza?
(menina) - oi DUENDE.
(outro menino) - oi MONSTRINHO.
pergunta se eu tinha coragem de falar alguma coisa pro coordenador? falava nada, aguentava sozinha. mesmo porque, como eu já disse, estávamos numa época em que bullying nem eczistia.
o menino que mais me perturbava se chamava wilson. TODAS as meninas queriam namorar com ele, (menos eu), TODOS os meninos pagavam um pau prá ele, ele era fortão, lindão, rico e metido a ser engraçado. era o líder da sala. eis que um dia ele apareceu no colégio com a seguinte novidade:
óóóóóóóóóóó
realmente... óóóóóóóóó MESMO. quem tinha um desses era fodão. mais ou menos ter um tablet hoje em dia, sabe como é?
eis que como todos os dias...
(wilson) - e aí, BALEIA.
(alunos da sala) - TODOS RI.
(eu, pensando) - declaro aberta a sessão tortura...
(wilson) - e aí, saco de areia.
(alunos da sala) - TODOS RI.
(eu, falando pela primeira vez) - pára, wilson. (bem baixinho, um fio de voz e tremendo, admito. hahahahahaha)
(alunos da sala) - TODOS RI.
(wilson) - você tá falando prá eu O QUÊ????? (vindo bem agressivo na minha direção)
(alunos da sala) - TODOS RI.
(eu) - eu tô falando prá você parar de me perturbar. (nessa hora eu já tinha cagado nas calças)
(alunos da sala) - TODOS RI.
(wilson) - e se eu não parar, você vai fazer o que comigo, sua BALEIA?
(alunos da sala) - TODOS RI.
não sei como nessa hora toda a coragem do mundo veio em mim. eu estava aguentando isso desde o começo do primeiro colegial, estávamos já no terceiro colegial (mentira). eu podia ser (sou) tímida, tonta e besta, mas era (sou) muito marrenta. com um único movimento me vinguei por todas as vezes que ele me humilhou.
VEJA A SEQUÊNCIA DO DRAMA:
(eu, falando bem alto e firme dessa vez) - então WILSON, se você não parar de me perturbar AGORA, eu vou fazer isso ó. *pego a mochila dele e jogo pela janela do terceiro andar*
(alunos da sala) - VISHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!
silêncio na sala. ele me encara. eu encaro ele. eu espero um soco (no mínimo) e...
(cenas fortes no próximo parágrafo)
que soco que nada. o cara era cuzão. a única coisa que ele fez foi sair correndo da sala, gritando:
"meu discmaaaaaaaaaaaaaaaaam"
pois então caros leitores... joguei a mochila do distinto pela janela com seu BELO discman novinho em folha dentro.
ele sai da sala gritando. o silêncio na sala continua. todo mundo olha prá mim com cara de medo. (ninguém mais ria), dou um suspiro, sento na cadeira, levanto uma sombrancelha, começo a dedilhar os dedos na carteira. pronto. respeito MODE ON.
quando o wilson chega na sala, o discman dele era só peças soltas dentro da mochila. e não sei como ele não veio tirar satisfação comigo, acho que ele percebeu que meu buraco era mais embaixo. acho que ele percebeu (acho que foi o primeiro a perceber hahahahahahaha) que eu era meio desequilibrada das idéia e resolveu não mexer mais comigo, assim como o restante da sala. (tipo, com louco não se discute, mais ou menos isso hahahahaha). claro, continuei sem amigos, mas pelo menos não era mais APAVORADA.
e depois desse dia o babado ficou mais ou menos assim:
(menina) - oi FABIANA, tudo bem?
(menino) - fabiana, você PODERIA me emprestar seu lápis?
se passaram 19 anos desde o dia que eu entrei nesse colégio. passou muito, muito tempo. e junto com o tempo passou também o trauma (mentira) e o ódinho desse povo que me apavorava. (mentira)
aí eu vejo esse povo (esse MESMO povo) me adicionando no facebook, querendo fazer reuniãozinha de reencontro e eu já fui bem clara: véi, na boa... eu quero que todo mundo que estudou comigo no segundo grau MORRA.