31 de out. de 2008

aquele do primeiro palavrão:

cresci com meus primos e a maioria deles eram moleques. mas moleques mesmo, de joelho ralado, de unha faltando no dedão do pé, essas coisas.
mas antes deles serem moleques, eles eram malandros, espertos... nada comparado à um zé pequeno, claro. kkk digo malandragem em outro sentido que vocês vão entender.
enfim, tudo que a gente descobria de diferente, de engraçado e de proibido (lógico) era dividido entre nós. por exemplo - um palavrão novo era algo que a gente sempre aprendia e compartilhava um com o outro. (aliás, já viram gostar mais de palavrão do que puta e criança? kkk). mas era algo que era prá ficar somente entre a gente, que era prá ficar ali, era o nosso segredo no quarto escuro e com a porta fechada, né fabiana?

*ahhh, era é???*
sim, era.
o primeiro palavrão que eu aprendi com meus primos foi cú. mais precisamente peido do meu cú. era uma paródia que meu primo fez daquela música do tim maia - "toma guaraná, suco de cajú..." e que foi adaptada para "toma guaraná, peido do meu cú...", enfim, coisas de criança sem educação mesmo. kkk
1 - meu primo canta a música no meu ouvido, prá ninguém mais ouvir. (aí é que se encaixa a "malandragem" kkk)
2 - eu, sem noção nenhuma da vida dou risada e canto a música em voz alta.
3 - era domingo, almoço de família.
4 - na HORA do almoço em família.
(primo)
- ó que música legal que eu inventei, vou cantar no seu ouvido: "toma guaraná, peido do meu cú..."
(eu)
- euhauiheuiahuehauheuahuehuaheuhauhuhuae toma guaraná, peido do meu cú, euhauiheuahueuhauheuhauheouihaoheoiahoiheoiha
ai, ai chuifffffff *suspira de tanto rir, abre o olho e vê a família toda te olhando com aquela cara de, de, de cú mesmo*
(primo)
*bate na testa querendo dizer, fodeoooooooooooooo*
silêncio de um minuto, a familia toda paralisada,
silêncio de dois minutos, a família continua paralisada,
silêncio de três dias (mentira) e eis que minha madrinha me salva, da pior forma possível, mas salva
(madrinha)
- menina educada não fala palavrão. nunca mais fale assim. coisa feia. ahnnn, não vai ganhar mais presente de natal. nem do dia das crianças. nem ovo de páscoa. nem seu primo que é menino fala essas coisas.
(eu)
- mas foi o b...
(madrinha)
- não quero saber, coisa feia. lava a boca com sabão. eu não sei aonde você aprende essas cois... blá, blá, blá...
enfim, traumatizante prá um primeiro palavrão. era somente um "cú", gente...

aquele da amiga da minha mãe

eu era uma criança extremamente cuidadosa com meus brinquedos. bem chata prá falar a verdade. afinal, uma criança que nunca TOSOU o cabelo de pelo menos uma boneca ou que nunca TACOU FOGO em playmobils só pode ser chata mesmo.
(aliás, fiz isso sim mas na adolescêcia quando eu tinha 25 anos, pfff de que adianta?)
aí chega o natal, meu aniversário, meu bar mitsvá (mentira) e eu ganhei o presente que eu mais queria em toda a minha vida:


um conjunto completo de chá inglês (mentira)





um jogo de chá de plástico, com bule e tudo!!! *suspira*

eu tava TODA FELIZ com meu brinquedo novo, toda achando que eu era uma DAMA INGLESA e mal sabia que toda essa minha felicidade e glamour estavam prestes á serem ameaçados. toca a campainha, *drama* arregalo os olhos já com medo de que fosse alguma CRIANÇA querendo brincar com meu jogo de chá. meus braços automaticamente ficam em formato de concha, querendo esconder todas as peças do conjunto. (foi instintivo, e é até hoje assim, desculpa kkk)
mas não era criança nenhuma, graças a deus, alívio... era uma amiga da minha mãe. voltei a brincar traquilamente, novamente eu era a DAMA INGLESA. até que:
(amiga da mãe)
- aiii que lindo seu jogo de chá!!
(eu)
- ????? *comassim, você não é adulta?*
(amiga da mãe)
- vamos brincar!!
(eu)
- ?????? *comassim, você não é adulta?*


e começou a brincadeira e eu achando aquilo TUDO MUITO ESTRANHO.

(amiga da mãe)
- ai, terminamos o chá. agora vamos ter que lavar as xícaras!!!!
(eu)
- ?????? *comassim, você não é adulta?*


nunca mais me esqueci da cena seguinte. quatro anos de terapia e até hoje isso é traumático em minha vida. (isso não é mentira)
a amiga da minha mãe foi lavar meu jogo de chá, mas CARALEO, a gente não tinha bebido chá. era água, ok. ou seja, era de brincadeira, então a limpeza das xícaras tinha que ser feita de brincadeira também. mas não... a amiga da minha mãe pensou que estivesse lavando uma panela de merenda escolar, só pode. pega bom bril, pega detergente, pega sabão de soda, pega tira-limbo, pega h2so4 (mentira).

e eis que meu jogo de chá que era assim:

ficou assim:


*uma bosta*

1 - como é que eu podia continuar sendo uma dama inglesa com uma xícara ASSIM?

2 - por mais que eu fosse uma criança que ODIASSE crianças, brincar com um ADULTO REGREDIDO é bem pior.

e ponto, não quero falar mais nisso hoje. tô chorando.

23 de out. de 2008

aquele da desculpa:

como eu já disse aqui em posts anteriores, o meu maior desejo não era ir ao programa do bozo, nem ao programa da xuxa (bom, isso eu só quis quando eu era adolescente, com 24 anos, kkk). o meu maior desejo era ter um cão feroz.
e prá aumentar ainda mais a minha vontade (e o desespero de meus pais) a gente morava ao lado do canil da polícia militar. ou seja, tortura pouca é bobagem. no meu caso não bastava querer um cão feroz. era preciso não ter e ainda por cima ser vizinha de vários pastores alemães.
até que um dia, depois de muuuuito pedir, insistir, chatagear, entrar e sair do coma (mentira) meu pai me leva prá conhecer o canil.

que sonho realizado entrar na recepção do canil!!!!

que felicidade ver meu pai falando com o policial, preenchendo o livro de visitas,

que emoção entrar no canil e ver aqueles cães,

que medo pois eles eram ferozes, imponentes, estavam rosnando, latindo, com os dentes de fora e soltos.



epa, peraí!!!




rosnando, latindo, com os dentes de fora, soltos??




sim.
travei.


(eu)
-paiiiiii, não quero ficar mais aqui!!!

(pai)
-por quê? você queria tanto vir aqui conhecer o canil!!

(eu)
-tô com medooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo *choro*

(pai)
-medo de quê??

(eu)
-do cachorro, (óbvio, mas nem tanto!! já que eu queria tanto)

(pai)
-tá e você vem no canil da polícia militar e espera encontrar o quê? Pequinês?
choro, saio correndo. humpf, prá quem queria tanto um cão feroz eu tava sendo a little bit covarde né? primeira lição: não basta querer um cão feroz, tem que primeiro saber peitá-lo.
e segunda lição: se você não peita um cão feroz, arrume uma desculpa rápido, assim como eu:


(mãe)
- não acredito que você ficou com medo!!! você diz que gosta tanto desse tipo de cachorro!!!!


(eu)
- não é medo!!! é que eu achei aqueles cães tão desnutridos, e eu vi que eles ficaram olhando prá minha perna gorda!!! não fiquei com medo deles, fiquei com medo da fome deles.


e nunca mais se falou em cão naquela casa depois desse dia. virou um tabú. (e motivo de piada, claro).

7 de out. de 2008

aquela da(s) janta(s):

eu fui uma criança gorda. e na minha época criança bonita era criança gorda. affe, a criança com cinco anos de idade e com taxa de colesterol de quem tem 50 anos, mas tudo bem. criança bonita é criança gorda. e que trauma o quê??? criança bonita é criança gorda, não existem traumas. (a-hã, ok, tá bom...)
mas minha mãe nunca pensou assim. faço dieta desde que mamava no peito (mentira), ela sempre preocupada com meus kilos a mais. médico de regime e spas (mentira) era uma constante na minha infância.
me lembro da primeira consulta... doutor galinha era o nome do médico. eu jamais levaria minha filha em um médico de regime que tivesse o nome de galinha. kkk.

reconstituição da consulta:

(médico)

- fala pro tio, florzinha... o que você gosta de comer?

(eu)

- minha mãe frita um ovo prá eu comer toda a tarde com pão.

(médico)

- O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ??????????? A SENHORA TÁLOCA?? SUA FILHA OBESA *(AI)* E DANDO OVO FRITO PRÁ ELA TODA TARDE!!!!!!!


(mãe)

*me pega no colo e vai embora do consultório*

e nada adiantava... cada vez mais gorda, para o desespero dos meus pais e alegria das tias, avós, madrinha que repetiam sempre que criança bonita é criança gorda.
hoje eu vejo que não tinha como eu não ser gorda. porque além do pão com ovo toda tarde, teve um fato que omiti do doutor galinha. eu era a única criança in the universe que jantava três vezes. sim... três jantas por noite.

jantava em casa. arroz, feijão, bife, batata-frita salada. depois da janta, íamos na casa da minha avó. chegando lá minha avó dizia: "tem sopa de feijão com bacon que você tanto gosta. come, coitadinha..."

e depois da minha avó íamos na casa da minha tia. chegando lá minha tia dizia: "tem lasanha com molho bolonhesa que você tanto gosta. come, coitadinha..."

e eu comia. comia três vezes toda noite. apesar dos chutes debaixo da mesa que eu sempre levava da minha mãe para não comer. apesar de todo dia ela me dizer que gente normal não jantava três vezes. apesar de pesar quase 50 kilos com 5 anos (mentira).

definitivamente não tinha como eu ser uma criança magra comendo 15 mil calorias só na janta. não mesmo.

ilustrando:

+

+


egual

EU, pesando uma arroba e meia. grato parentes.

4 de out. de 2008

aquela do primeiro amor:

bem antes do murakami (aquele meu namoradinho japonês) eu tive um outro, digamos assim, affair.

foi intenso, forte, como todas as paixões quando se tem 4 anos de idade. era romântico, ele passava todo dia pontualmente em frente da minha casa e ficava horas conversando comigo. (mentira, eram minutos, mas é que criança não tem essa noção de tempo né? kkkk). aliás, eu já sabia a hora que ele ia passar e pedia prá minha mãe de uma forma insistente para ela abrir a porta de casa para que assim eu pudesse ficar no portão, esperando. fazia bico, birra, batia os pés no chão, gritava, vomitava, tinha convulsão (mentira) se a porta de casa estivesse fechada na hora que ele passasse. eu tinha que estar no portão, entendem??

não sei como acabou, eu era novinha demais, enfim... *lágrima rolando pelo lado esquerdo do rosto*

mas sei que tudo o que se sucede com relação à minha vida amorosa-sentimental-sexual (onde??) advém dessa experiência que tive aos quatro anos. minhas escolhas amorosas bizarras e erradas que faço desde sempre vem daí... pois aonde, repito AONDE nesse mundo de jesuiscristinho uma criança se apaixona pelo LIXEIRO que passa na sua rua?

eu *levanta a mão*

poizé beibes... a minha primeira paixão descrita acima foi pelo lixeiro que passava na minha rua. não pelo fato dele ser lixeiro, longe disso!!! mas normal seria se eu me apaixonasse pelo menino bonitinho da escola, não??? sim, seria.

lembro que eu o convidei pro meu aniversário (afinal ele era meu namorado, oras!!!) fiquei esperando e ele não veio. minha primeira decepção amorosa, obrigadaaaaaaa.

aos quatro anos guardei pedaço de bolo, brigadeiro, beijinho em um pratinho prá dar prá ele. só depois mais tarde tive a consciência de que se ele viesse ia ser pior. pois ele viria com esposa, filhos da minha idade e comassim bial???? o amor que eu sentia por ele era grande, oras... você acha que eu aos quatro anos ia suportar a idéia de que ele era casado e tinha filhos??? nem hoje eu aguentaria, kkkk

uma prova de que meu amor era grande como fim desse post:

eu, pai e mãe íamos viajar. malas no carro, frango com farofa porta-luvas, tudo pronto. e eu ali, categórica:

(eu)

- não saio de casa antes do lixeiro passar, tenho que me despedir dele!!!

(pai e mãe)

- comassim?? temos hora prá sair, hora prá chegar!!! a viagem é longa!!!

(eu)

*sento na calçada*

(pai e mãe)

- vamos, temos que ir agora.

(eu)

- então me leva no serviço dele, eu tenho que avisar que eu não vou estar em casa.

(hoje em dia eu nem tenho mais esse tipo de atitude, kkkk)

sim, e meus pais me levaram na vega sopave, que era a empresa que fazia a coleta de lixo em são paulo naquela época. dei o recado prá moça recepcionista com todas as letras:

- avisa o lixeiro que a fabiana foi viajar.

não me lembro da cara que a recepcionista fez, mas deve ter sido uma cara mais ou menos assim, tão que meu inconsciente fez o favor de reprimir.

viajei tranquila, tranquila depois do recado dado...

3 de out. de 2008

aquele do dia que eu dancei "beat it" do michael jackson no colégio:

era uma atividade de educação físic... *cof*

er, bem...



... nem vamos falar disso né gente??
*vergonha*

2 de out. de 2008

aquele da professora:

na década de 60 era normal as professoras baterem nos alunos. inclusive com a permissão dos pais. na década de 60 eu disse.
já na década de 70 era mais ou menos normal as professoras baterem nos alunos. alguns pais reclamavam, outros não... enfim...
agora na década de 80 se um professor batia em um aluno era caso de polícia, pais faziam motim na porta da escola (mentira), delegacia de ensino, etc e tal.
poizentão: estávamos em 1984. disse bem? 1984. e eu tinha uma professora que (repito) em 1984 tratava seus alunos de um modo, digamos assim, bastante peculiar. puxão de cabelo, beliscão, empurrão de encontro à quinas de mesa, tapa na cabeça... LEGAL ELA NÉ??
prá ser bem sincera, eu nunca fui agredida por essa professora. mas as outras mães começaram ver seus filhos com hematomas, com partes de seus corpos faltando, e logo desconfiaram da suposta agressora.
e na segunda-feira estava uma mãe reclamando da professora na sala do diretor. (no caso, a minha)
ué, como assim?? se a professora não tinha te batido, porque sua mãe estava lá?
*foi a mesma pergunta que o diretor fez à minha mãe...*


e a resposta veio à altura:

não, ela não bateu em minha filha. porque se ela tivesse batido, eu teria vindo aqui e quebrado a cara dela na saída.
**minha mãe adorava essa coisa de pegar na saída**

bom, e se na segunda-feira só tinha uma mãe reclamando da distinta, na sexta-feira TODAS as mães estavam na sala do diretor.
é que contra fatos não há argumentos. existiam os hematomas, sim. mas acima de tudo, naquela época tinha uma lenda de que criança não mentia, (e naquela época não mentia mesmo) e então fez-se valer a voz das crianças agredidas.
decisão tomada, a mulher foi mandada embora.
fim da história?
não.
antes de ir embora, tivemos uma última aula com ela. e o final da aula foi assim:
(professora)
- bom, vocês já devem estar sabendo que hoje é o último dia que eu vou ver vocês. vou ser mandada embora, e eu não sei o motivo. eu não tenho outro trabalho e vou passar fome. não sei como vou sobreviver agora sem emprego. vocês nunca mais vão me ver. à partir de segunda, uma outra professora irá tomar o meu lugar e... *lágrimas de crocodilo*

(alunos)

**há coração que aguente tanta chantagem emocional minha gente??**