23 de set. de 2008

aquele do pai exagerado.

eu tive um pai exagerado. exagerado ao extremo. nem vou me explicar muito, vou ilustrar três situações clássicas:


situação 1- "paiiii, quero uma piscina!!!"
e meu pai aparece com uma piscina dessa em casa:


*piscina de 8 mil litros, cinco dias prá encher e facilmente eu morreria afogada em uma dessas.*





sendo que eu tinha apenas 6/7 anos e ficaria muito feliz com uma dessa:


*piscina regan 500 litros. enche em duas horas e crianças de 6/7 anos não morrem afogadas.*


situação 2 - "paiiiiiiiiiiii, quero uma bicicleta!!!


e meu pai me aparece com uma bicicleta dessas em casa:


*caloi ceci ARO 26, sendo que ainda eu continuava tendo 6/7 anos. e detalhe: nem today eu consigo subir em uma aro 26. (consigo sim vai, deixa eu fazer um pouco de drama)


sendo que prá minha idade já citada anteriormente e prá minha altura, eu ficaria feliz com uma dessas:



*bicicleta aro 12. sobre a qual certamente eu iria poder andar.*


situação 3 - "paiiiiiiiiiiii, quero um quebra-cabeça!!!"


e meu pai me aparece com um quebra-cabeça desses em casa:


*quebra cabeça grow cinco mil peças todas nesse tom pastel meio parecido*

sendo que meu nível intelectual de sete anos de idade estava mais para um desses aqui:




*quebra-cabeça de metades 20 peças.*


todos esses brinquedos faziam eu me sentir mais burra (afinal, quem monta um cinco mil peças aos 5 anos?), faziam eu me sentir menor (afinal, quem sobe numa aro 26 aos 6 anos?). mas tente explicar isso prá uma criança, que está com o brinquedo ali e quer usá-lo. durante muito tempo me questionava à respeito de tudo isso. ou seja, o que faz um pai dar brinquedos de adultos à uma criança? ele sempre dizia que era "prá durar mais tempo", ou seja, a bicicleta que eu ganhei com 5 anos, pelo fato de ser aro 26, quando eu chegasse aos 32 anos ela ainda iria me servir, sabe como é né? hoje com tudo o que eu vivi, com perdas e ganhos durante esses 31 anos de vida percebo que esses brinquedos "grandões" que meu pai me dava, simplesmente traduziam o amor "grandão" que ele sentia por mim.


ps: nem a bicicleta, nem o quebra-cabeça e nem a piscina ainda existem, apesar da intenção do meu pai que eles durassem para sempre. :-)

Um comentário:

Roberto disse...

;-)

Seu blog está espetacular. Esse é o meu post favorito até aqui!Me fez dar gargalhadas em plena madrugada e me emocionou no final. Parabéns!

;-)