24 de set. de 2008

aquele do dia do palhaço:

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"Senhores Pais ou Responsáveis:
Amanhã é o Dia do Palhaço. Portanto, mande seu (sua) filho (a) caracterizado como tal.
Professora Mirian."
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entrego esse bilhete mimiografado para minha mãe, que faz uma cara de *FODEOOOOOOO, COMO VOU ARRUMAR UMA ROUPA DE PALHAÇO DA NOITE PRO DIA?*
entendam que estamos em 1982, onde tudo era um pouco mais complicado. inclusive encontrar roupas de palhaço.
e procura daqui (mas não muito), procura dali, (mas não muito também), um telefonema para uma tia, um telefonema para a outra tia e eis que a única coisa que minha mãe consegue de algo que possa lembrar um palhaço foi:



*o nariz do palhaço*


bom, dramas à parte por não estar com a fantasia completa, até tinha me conformado com a hipótese de ser uma palhaça estilizada. ia ser cool e alternativo, pensava eu. (não com essas palavras, mas enfim).

no outro dia acordo, ponho o nariz de palhaço e antes de ir prá escola toda saltitante e feliz minha mãe começa a achar aquele nariz meio incômodo, meio sufocante, se é que vocês me entendem.

(mãe)

- você tá conseguindo respirar com esse nariz, filha?


(eu)


- claro que dão, bas eu resbiro bela boca.


(mãe)


- nada disso, boca não foi feita prá respirar, tem que respirar pelo nariz. me dá isso daqui.


e antes que eu tenha qualquer tipo de reação, ela tira o meu nariz, e "crec". de novo "crec". e mais uns "crecs" depois o meu nariz de palhaço está assim:


*nariz de palhaço power flash mega com sistema ultra-moderno de ventilação, compre pelo telefone 1406 e você ganhará um par de facas ginsu*

(eu)

- o que você fez com meu nariz de palhaçoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo? *chorando*

(mãe)

- você ia morrer sufocada, tem que ter ventilação.

(eu)

- como morrer sufocada? eu respiro pela boca, veja *arf, arf, arf*

como não tinha outro nariz de palhaço, a história termina eu indo pro colégio com o nariz de palhaço podre e furado. se fosse hoje, eu diria prá todo mundo que meu palhaço era metaleiro, e que os piercings tinham ficado em casa.

virando a esquina do colégio, como se já não bastasse toda a desgraça de estar com um nariz podre na cara, vejo uma amiga minha vestida de colombina. gente, entendam que ela não era um simples palhaço!!! ela era uma colombina!!! na hora a minha vontade era de voltar prá casa no melhor estilo hulk-depois-da-briga, inclusive com aquela musiquinha de fundo.

(amiga)

- oi fabiana, tudo bem?

(eu)

- humpf, *escondendo o nariz com a mão*

me livro dessa amiga, entro no colégio e vejo a minha outra amiga vestida de BOZO!!!! na hora eu murmurei: "meu mundo caiu..." (entendam que o bozo em 1982 era um herói).

minhas melhores amigas com as melhores fantasias, e eu com esse nariz podre na cara??? isso não ia ficar assim. criança psicótica que era começei a arquitetar um plano. (sim, eu era ruim desde pequena). se eu não estava vestida de palhaço, muito menos de colombina ou de bozo ninguém mais poderia estar.

o fim da história foi mais ou menos assim:

(eu)

- daniele, sua boba, chata!!

(daniele)

- anh???? tipo, *tá doida?*

(eu)

- ahn o quê, você sabe muito bem o que eu estou falando e rrrrrrrrrrrrrrrrrrssssssswooish. (primeiro rasgo), rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrswooish, segundo rasgo.

minutos depois:

(eu)

- julia, sua boba, chata!!

(julia)

- anh???? tipo, *tá doida?*

(eu)

- anh o quê, você sabe muito bem do que estou falando e rrrrrrrrrrrrrrrrsssssssssssswooish (primeiro rasgo), rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrsssssssssssssswooish (segundo rasgo)

minha dignidade foi sendo recuperada em cada rasgo que eu fazia naquelas fantasias. e hoje eu me pergunto: "o que um nariz podre na cara não faz não é mesmo minha gente?"

2 comentários:

Roberto disse...

manja "it - o palhaço assassino"? pois é, foi inspirado em você obviamente. e lendo esses seus posts, desconfio que se a gente se encontrasse ainda criancinhas nos iríamos dar muito bem. desde que voc~e me obedecesse e fizesse tudo que eu mandasse, obviamente.

;-)

Maria Nazareth disse...

Ameeeei... Chorando de Rir...
Não que eu goste de rir a desgraça do passado alheio, mas todos nós enquanto crianças temos umas histórias assim... Acho que foi mais uma questão de identificação.. rsrs
Esses bilhetinhos das 'tias' me renderam momentos de pavor também...

Enfim, parabéns!!

=)