4 de abr. de 2011

aquele de quando eu fui expulsa de casa, parte II

(e dessa vez, não foi por causa da tia margarida)
como já foi dito em posts anteriores, roubaram minha mobylette. e meu pai, vendo minha tristeza comprou um aparelho de som pro meu quarto. e foi ali que descobri o rock, no meu quarto. e desde esse dia o mundo se abriu prá mim como eu nunca tinha visto e/ou sentido.

ó o naipe do meu aparelho de som:


**vai encarar?**

poizé, foi num 3 em 1 cce que conheci o rock. e se eu, na condição de filha única já era meia rebeldezinha, IMAGINA QUANDO EU CONHECI O ROCK??????
eu levava tão a sério essa questão do rock na minha vida que eu usava roupa preta rasgada, fazia mechas vermelhas no meu cabelo e andava com anel de caveira. o ápice do rock na minha vida foi quando me apelidaram de "metaleira". achei o máximo esse meu apelido. usava a mesma meia UMA SEMANA e sei lá, acho que nem rolava um banho todo dia. devia estar linda, linda... tão linda que eu era motivo de chacota no colégio, motivo de vergonha pros pais e familiares. mas enfim... o que importava é que eu estava sendo TRANSGRESSORA.
mas me faltava o principal prá eu ser uma metaleira de verdade.


um piercing

vale notar que estamos em 1993, e em 1993 apenas PIRATAS tinham piercing. piratas, o axl rose (no mamilo) e o mike patton do faith no more (na sombrancelha)
e eu encasquetei com um piercing, queria ter um piercing, e prá mim ter um piercing era sinal de que REALMENTE eu ia fazer parte do mundo do rock.
claro que não contei nada desse desejo pro meu pai e nem prá minha mãe. saí de casa num sábado, fui no estúdio e coloquei o tal piercing. coloquei no umbigo, uma argolinha. isso em 1993 era algo tão, mas tão revolucionário... não era como hoje, que todas as meninas dançarinas de axé tem né, minha gente?? era algo que significava que eu era FODONA e não dançarina de lambaeróbica em porto seguro.
não doeu, não sangrou... uma sensação de leveza, parecia que eu tinha perdido a virgindade naquele dia.
cheguei em casa, primeira burrada que eu fiz foi >>>>>>> mostrar o piercing prá minha mãe.

(eu) - mãe, coloquei um piercing. *levanta a blusa e mostra o umbigo furado*
(mãe) - isso é de verdade??
(eu) - claro!
(mãe) - peraê, deixa eu ver de perto essa merda que eu não to acreditando...
(eu) - *instintivamente dou um pulinho prá trás e abaixo a blusa*
(mãe) - nãooooooooooooooooooo acreditoooooooooooooooooooo que você fez issooooooooooooooooooooooooooooooooooooo.... sua maloqueiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, porque você acha que eu me mato prá pagar colégio prá você estudar e você me faz isso???????????????? isso é coisa de gente maloqueira, viciada, coisa de ladrãooooo, assassino, serial killers!!!!
(mãe) - filha, você tá usando maconha?
(eu) - não mãe *revira os olhos*
(mãe) - e cocaína?
(eu) - não mãe *revira os olhos*
(mãe) - já sei, você tá usando heroína?
(eu) - não mãe *revira os olhos*
(mãe) - tá usando crack?
(eu) - não mãe *revira os olhos*
(mãe) - você está expulsa de casa, você vai morar na PRAÇA DA REPÚBLICA com aqueles hippies fedorentos. não é isso que você quer prá sua vida??? então pois bem, eu te expulso de casa prá você viver a vida que você quiser e blá blá blá....

(cinco horas depois)

(mãe) - .... blá, blá, blá uma filha que eu criei com tanto amor e carinho me aparece com isso em casa, não, não creio, você não é a minha filha.
(eu) - mãe, chega. vou dormir e amanhã a gente se fala.

fui dormir, ela também. acordei no meio da madrugada, fui prá cozinha beber água e um monte de louça suja na pia. encontrei ali um modo de eu me "redimir" da rebeldia. três horas da manhã, eu lavando louça e passando pano molhado na cozinha. eu podia ser metaleira. mas não suportava ver minha mãe triste por minha causa. de certa forma, meu "castigo" estava sendo pago. afinal, um monte de louça suja não é todo mundo que encara não...

e você acha que o simples fato de eu lavar toda a louça ia fazer minha mãe esquecer meu piercing??

NOT.


no outro dia ela acorda e eu já estou lavando o quintal. (mais uma maneira de eu me redimir)

(mãe) - ó, só vim te falar uma coisa: esse seu piercing vai inflamar e vai cair, isso não vai durar um mês na sua barriga.

e com essa frase, ela saiu de casa. voltou só de noite. nunca mais esse assunto foi tocado em casa e meu pai morreu sem saber que eu tive piercing. (graças a deus, senão o negócio tinha sido bem pior ainda kkkkk)

hoje olhando prá trás eu ainda acho que foi um exagero muito grande da parte da minha mãe ter me expulsado de casa por causa de um simples piercing. mas por outro lado, eu estava tão envolvida nesse mundo do rock e eu era tão novinha, tão sem cabeça e tão sem juízo, que se minha mãe não tivesse me dado um freio ali, naquela tarde, hoje minha aparência seria mais ou menos assim:


OI, RS

um mês depois meu piercing inflama e cai. (mãe norma, macumbeira e rogadeira de pragas - tratar aqui)

Um comentário:

Roberto disse...

isso é o que acontece quando metaleira que não toma banho resolve se furar toda no umbigo.

;-)